Nós, do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades - Núcleo São Paulo (IBRAT-SP), levantamos nossa voz em defesa de um marco histórico: a 1ª Marcha Transmasculina de São Paulo. Esta marcha não é apenas uma manifestação: é um grito coletivo em busca de reconhecimento, visibilidade e respeito para a comunidade transmasculina.
As transmasculinidades são atravessadas por um apagamento brutal de sua história de movimentação política, das existências plurais das nossas identidades e das nossas demandas específicas; desde o nascimento, quando nos é imposto o gênero feminino, somos vítimas incessantes do apagamento, violência e silenciamento. É urgente que nossas demandas componham as pautas políticas e estejam nas construções de políticas públicas que, de fato, contemplem nossa população. Esta marcha é sobre celebrar a diversidade e a possibilidade das nossas existências, mas é sobretudo um posicionamento público, nas ruas, de que estamos em movimento e na luta pelos nossos direitos.
É importante declarar que esta iniciativa não é uma tentativa de apagar ou desmerecer outras manifestações. Pelo contrário, reconhecemos e celebramos o histórico papel desempenhado por essas mobilizações e estamos sempre presentes, apoiando, reivindicando e vibrando juntos nesses importantes espaços. Acreditamos que, assim, a luta não se segmenta, mas se potencializa, ao evidenciar diferentes pautas e protagonizar diferentes grupos.
Julgamos a manifestação política de rua como algo crucial, pois representa a expressão coletiva do poder popular, promovendo a visibilidade das demandas da sociedade civil e reforçando os fundamentos democráticos da participação cidadã. Não é a primeira vez que emergem movimentos políticos de ocupação de rua buscando serem ouvidos: protestos contra emendas, projetos de lei, mudanças políticas ou revolta são frequentes. Embora a mais popular atualmente no país, a Parada LGBTQIAPN+ - inspirada em um movimento que surge após uma mobilização nos EUA liderada por travestis negras e latinas - seja uma manifestação de todas as siglas, sua afirmação como tal só acontece depois de muita luta contra o apagamento de outras letras; dessa maneira, se fez necessário reafirmar que mesmo unidos pela liberdade de existir, há grupos diversos e com demandas e atravessamentos específicos. Nesse pensamento, surgiram a Caminhada Trans, que ocorre há 8 anos todo mês de janeiro, a Caminhada Lés-Bi, que ocorre desde 2003, e a Marcha do Orgulho Trans, que teve sua 6ª edição em 2023. Nós, do IBRAT, que somos a maior organização em prol das vidas transmasculinas do país, também queremos levar as transmasculinidades para esse momento de protagonismo.
A 1ª Marcha Transmasculina de São Paulo nasce da urgente necessidade de combater a invisibilidade que resulta em muitas violências, como: a fragilidade das políticas públicas que não dialogam com nossas demandas; a falta de acesso à saúde integral; direitos reprodutivos e parentais; empregabilidade e inclusão econômica; acesso à educação; acesso à moradia adequada, entre outros. Tudo isso corrobora com uma sociedade que suicida a população transmasculina. Sim, o Brasil é o país que mais mata travestis no mundo, principalmente negras, e o país que mais suicida pessoas transmasculinas. Assim, nossa urgência é pelo direito à vida. E uma vida com dignidade.
A 1ª Marcha Transmasculina de São Paulo nasce estrategicamente em 2024, ano de eleições, pois é crucial ampliar a visão sobre as demandas específicas das transmasculinidades e garantir que essas questões sejam incluídas nas agendas políticas. Essa marcha é um passo coletivo e significativo nessa direção, pois busca destacar as experiências, desafios e necessidades únicas enfrentadas pela comunidade transmasculina e de reivindicar e firmar compromisso com os representantes do povo e com os próximos candidatos que eventualmente serão eleitos.
Também consideramos importante trazer a público a data escolhida para essa manifestação nas ruas: o dia 03 de março de 2024 é o primeiro domingo após o encerramento do mês de fevereiro, mês da visibilidade transmasculina. Reconhecemos as limitações impostas pelo calendário de eventos, como o Carnaval, que ocupa as ruas todos os finais de semana de fevereiro; fizemos o possível para honrar a referência histórica que é o dia 20 de fevereiro, data que celebra o Primeiro Encontro Nacional de Homens Trans (ENAHT), que ocorreu em 2015, organizado pelo IBRAT, hoje ressignificado para Encontro Nacional das Transmasculinidades. Sendo transparentes, é necessário protocolar a marcha e sua autorização, que correria o risco de não ser outorgada se fosse em fevereiro, devido a quantidade de eventos carnavalescos já aprovados pela Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo e do policiamento específico para eventos, que prevê a segurança nas vias públicas.
O IBRAT-SP e demais coordenações do Instituto atuam ativamente para um presente e um futuro com mais possibilidades de existir em segurança, com acessos a saúde, educação, lazer, trabalho, segurança alimentar, direitos reprodutivos, entre outros. Entendemos que nossa atuação busca alcançar uma sociedade justa tanto para as transmasculinidades quanto para todas as identidades e expressão de gênero.
Estamos aqui para reafirmar nossa presença, nossa importância e nossa determinação em conquistar o reconhecimento e os direitos que nos são devidos como cidadãos.
O IBRAT-SP entende que a construção da Marcha é coletiva e que precisa principalmente das lideranças transmasculinas em ação. Neste momento crítico, contamos com o apoio de outras lideranças e movimentos para fortalecer nossa causa. Não recuaremos diante dos desafios. Esta marcha pode ser o primeiro passo, mas é um passo significativo na luta por justiça, igualdade e respeito.
Acreditamos na força de nossa proposta e na urgência das nossas demandas. Não nos calaremos até que nossas vidas e nossas necessidades sejam reconhecidas e incluídas na agenda política. Estamos aqui, estamos presentes e exigimos espaço para pautar sobre nós.
Junte-se a nós na 1ª Marcha Transmasculina de São Paulo. Vamos construir um futuro mais inclusivo e justo para todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, raça, classe, orientação, crença, biotipo e origem
Nós não recuaremos. Nós resistiremos. Nós marcharemos. E é só o começo.
Assinado,
Coordenação do Núcleo São Paulo do IBRAT (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades)
APOIE E MARCHA FAZENDO UM PIX PARA COORDENACAO.IBRATSP@GMAIL.COM
Assista ao vídeo da campanha:
Também assinam este manifesto demonstrando apoio:
IBRAT Nacional
Fabian Algarte - Coordenador do IBRAT Nacional
ANTRA
Sara Wagner York
Érika Hilton - Deputada Federal
Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra
Samara Santos- Coordenadora de equipe e Vice presidente - Casa Neon Cunha
Camilo Nunes - IBRAT ABC+
Caia Maria Coelho - transfeminista, vice coordenadora da Natrape (Nova Associação de Travestis e Pessoas Trans de Pernambuco)
Jacqueline Brasil - Brasil Atrevida - RN e Casa Brasil
Júnior Lima - Presidente do SPARTANOS FC (1ª time de futsal do grande ABC formado inteiramente por homens trans e transmasculinidades)
Gab Van - presidente da liga transmasculina João W. Nery
Amara Moira (Coordenadora no Museu da Diversidade Sexual/SP)
Danillo Simões - Articulador IBRAT ABC+
Amanda Paschoal - Ativista e co-fundadora do Transarau
Cara Gente Cis
Coalizao T - Comunicação ampliada
Majur Harachell - A 1° primeira cacica mulher trans Indígena do povo Boe Bororo
Thaisson Campos - parte da coordenação do Coletivo LGBTI+ Sem Terra.
Xande Peixe - Homem trans, pai, avô e primeiro homem trans a trazer a discussão das transmasculinidades ao movimento LGBT em 2004 em SP
Lam Matos - Consultor em diversidade e membro do IBRAT
Aline Odara - Diretora Executiva do Fundo Agbara
Mães da Resistência
Julio Lorenzo Pereira de Godoy - Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero - OAB /Osasco e Consultor Jurídico do IBRAT SP
Basketrans ( 1° time de basquete Trans de São Paulo)
AMATRA- Associação Maranhense de Travestis e Transexuais
Núcleo IBRAT-MT
Julian Tacanã - Coordenador Estadual - IBRAT MT
Louis Silva - Vice - Coordenador Estadual e Coordenador de Políticas
Públicas em Saúde - IBRAT MT
Auri Henrique - Coordenador de Políticas públicas em Saúde Mental - IBRAT MT
NATRAPE - Nova Associação de Travestis e Pessoas Trans de Pernambuco
Ísis Ferreira - Mãe da Excelente Casa de Mutatis
Carolina Iara - CoDeputada Estadual
Joaquim Renato Alves - Coordenador do IBRAT Campinas
Ana Paula Andreotti Amorim, presidente da Associação Brasileira Profissional para a Saúde Integral de Pessoas Travestis, Transexuais e Intersexo (ABRASITTI)
Keit Lima - Movimento Favela no Orçamento
7Bello, da comunidade Ballroom, da Associação Cultural Pindorama Gira Cultural e sou arte educador no Projeto Ampara SP
Vi Grunvald - Professora da UFRG
Lilian Andrade Hachiya representante legal dos Transgentes @transgente (mãe e tia de meninos Trans)
Kauê de Sousa Conrado, co-fundador da Casa Transformar localizado em Fortaleza-CE e primeiro homem trans de Fortaleza a fazer a arte drag queen. e vice presidente da comissão da diversidade pelo PSDB
Aline Thais de Melo, integrante da diretoria da ONG Minha Criança Trans (@ongmct)
Mônica Cavalcanti, Diretoria da ONG Minha Criança Trans (@ongmct)
Marc Tristão, membro-organizador do @gt_transformar e estudante de Matemática na UFSCar
Nina Veloso, @bar.das.sp
Kaleb Giulia Ribeiro Salgado
Marli Eliza dos Santos , mãe
Henio Nascimento, pessoa LGBTQIAPN+
Vita Evangelista — Coletivo Trans Goytacá
Mari Scarambone, do FórumTT RJ
Thalles Correa Amadeu - Filiado ao fórum Mogiano LGBT
Klaus Sapphire, pessoa NB agênero, bissexual, professor, ator, pagão
Arthur Miguel, do ForumTTRJ
Revista Estudos Transviades
Cello Latini Pfeil, editor da Revista Estudos Transviades e coordenador de pesquisas do IBRAT
Renan Quinalha - professor de direito e coordenador do Núcleo TransUnifesp
Famílias da Resistência, somos um coletivo da cidade de São Paulo, com 114 famílias, sendo 90% de crianças e adolescentes trans
Maria Andoyiki, travesti fundadora do Grupo de Estudos de Transgeneridade e Antropologia (@trans.a.usp ) e do Transcentrando @transcentrando
Higor Andrade - Covereador da Mandata AtivOz - organizador da parada de Osasco
Day Oliveira, coordenador do grupo de afinidade LGBTQIAPN+ da Petrobras
Pâm Henrique, representando a ABRAI - Associação Brasileira Intersexo
Joaquim Renato Alves - Coordenador do IBRAT Campinas
Lacrei Saúde
Rudá Ramos - Coordenador do Núcleo de Raça, Cor e Etnia do IBRAT e Coordenador do Fonatrans Campos dos Goytacazes
Transarau
Valentim Felix- Membro IBRAT MT
Dani Balbi - Deputada Estadual do Rio de Janeiro.
Ballroom Transmasc BR
Ave Terrena - dramaturga, diretora teatral e professora da Escola Livre de Teatro de Santo André
Ilê Osun Abotô Asé Agòdò
Thamirys Nunes - presidente da ONG Minha Criança Trans - @ongmct
Lucca Alvarenga - Skatista e representante do coletivo @elevar.t coletivo de skate, arte e cultura de pessoas Trans de Campinas-SP
Gabriela Naomi de Souza Santos, representando o Coletivo Transitando, de pessoas trans e travestis de Piracicaba e região, Piracicaba-SP
Cris Macfer, Artista Marcial há 17 anos e 1° homem trans da história do MMA. Sou idealizador e Diretor Geral do projeto Trans Fighter (do @instituto_macfer ), que envolve o 1° evento de MMA para pessoas trans do mundo (@transfighteroficial )
Kaus Total, transmasculino não binário de peito, grafiteiro, criador e representando o movimento Grafita!Trans
Kira Souza Barbosa, ator e trabalhador da cultura
Luh Christian, Homem Trans,PCD,indígena e Assexual Fluído
Marcello Medeiros Lucena, co-cordenador do Grupo de Trabalho de Gênero Sexualidade Diversidade e Direitos da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC)
Roberto Maia - apoiador e um dos organizadores do I Encontro de Homens Trans Norte/ Nordeste e hoje psicólogo clínico de crianças, adolescentes e adultos transmasculines
Gionni Blasphemy - Artista
Rafael dos Santos Nascimento, jornalista, editor do iG Queer
Day Oliveira, coordenador do grupo de afinidade LGBTQIAPN+ da Petrobras
Jard Costa, do ForumTTRJ
Patricia Moriale Natale, coordenadora das @maesdaresistencia no Paraná
Grupo Transmasculines do Pará
Yaro Rodrigues Dutra, nao-binario transmasculino
Matteo Ceglio . Presidente e fundador da @transmusclebr campeonato de fisiculturismo para homens e mulheres trans e não binários
Gabriel Melo - transmasc psicólogo
Lucca Legati, 17 anos, homem trans, bissexual, designer gráfico, editor de fotos e vídeos, ilustrador, designer de animação e estudante de fotografia na Belas Artes.
Luca Scarpelli - publicitário, consultor, criador de conteúdo e o primeiro apresentador htrans do país com o reality Queer Eye Brasil, na Netflix.
Verónica Valenttino, primeira atriz trans a ganhar o prêmio Shell de teatro
Abel, do coletivo @brendalee.coletivo
Rei das Durags - Nathan Santos
Lau Baldo - fotógrafo
TAMMY HAMAI: Ator, palhaço, professor, arte-educador transmasculino
Níke Ártemis Eccard Manhães - Coletivo Transgoytacá / Coletivo TransNB UFF
Pedro Leonardo da Nóbrega Monteiro - transmasculino indígena, estudante de políticas públicas e fundador do coletivo trans angrense junto com @correia_anaya!
Lucca Sad - diretor e idealizador do @transtornadosfc
Mikkel Mergener - trans não binárie artivista e jurista, fundadore da Merg, empresa transcentrada que promove diversidade, inclusão e respeito aos direitos humanos por meio da educação
Luana Alves - Vereadora PSOL - São Paulo
Carolina Iara - Codeputada estadual - Bancada Feminista - PSOL - São Paulo
Sâmia Bomfim - Deputada Federal - PSOL- São Paulo
T Mosqueteiros
Mães Pela Diversidade
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